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Marasmo

by Vistas

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1.
Terral 02:15
Quando vier a primavera, se eu já estiver morto, as flores florirão da mesma maneira, e as árvores não serão menos verdes que na primavera passada. A realidade não precisa de mim. Sinto uma alegria enorme ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma. Se soubesse que amanhã morria, e a primavera era depois de amanhã, morreria contente, porque ela era depois de amanhã. Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo? Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo, e gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse. Por isso, se morrer agora, morro contente, porque tudo é real e tudo está certo. Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem. Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências. O que for, quando for, é que será o que é. Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
2.
Festim 03:13
Não me envolvo com o que fiz. Repito até me convencer: esquecer é o melhor pra mim. Talvez alguém pra me ajudar ou me afogar no infinito horizonte, é o que falta. Lembranças vem à tona com gim, gelo diário não é festim. E à queima-roupa sangra, incita o desejo, à estancar em mim, enfim. Por você, almejo remorso e só. Assim, hei de escorrer. Lembranças vem à tona com gim, gelo diário não é festim. E à queima-roupa sangra, incita o desejo, à estancar em mim, enfim. (E esse é o gole seco que rasga minha garganta todo dia pela manhã).Gota a gota, o desgaste entre nós preencheu minhas bordas. Nunca houve limite, só me restou ceder para a mesma promessa que seis vezes foi cumprida. Eu me rendi aos furos infligidos por suas balas. A vazão suficiente me levou ao estopim. Constantemente buscando o ódio que me transbordara, me perdi em corpos rasos, afogado em copos cheios. E, para suprir a falta do que me sobra, meu eu flutua em marés ardentes. Deleito-me, ao menos, à dor que tinge meus dias cinzas
3.
Garoa seca 03:23
Garoa seca, que me faz bem, lava, apaga todas as aflições além. De me afogar em cinza, eu canto sem enxergar. Mas nada soa como a luz, mesmo sem me provar. Tento enxergar algo sem ser o breu. Angústia me toma, insiste em soterrar meu eu. (E eu canto sem enxergar). (Vim me enganar). Garganta seca, ainda mantém saliva pra aguentar muito mais além. De me afogar em cinza, eu canto sem enxergar. Mas nada soa como a luz, mesmo sem me provar.
4.
5.
Falésias 03:18
Sentado, deixei-me molhar os pés, para ver se algo quente sobre a água morna caía, tão doce, até meus olhos jorrar em paz. Amargor, se espalha e pesa o meu corpo junto as lágrimas. Eu mergulhei tão profundo, quanto ardente, mas o empuxo é forte e, consciente, estou à deriva. Superfície lisa, agita! Perdi o chão onde eu pisava, além do ar, pra estender meu pulmão em paz. Eu me afundei em descaso, agarrei o abismo, o sereno, o raso. Eu me afundei em descaso, agarrei o abismo. Em seco, entre meus dedos há um vão, o azar. Em seco, o gole, afogado a amar. Me afundei em descaso, agarrei o abismo, o sereno tão raso. Eu me afundei em descaso, agarrei o abismo, o nada.
6.
Água 03:31
Senti drenar, lavar tendências que não pude ignorar. Me cansei. Quem sabe dessa vez a cólera e a paz me trazem um fim. Fagulha de calma eu assopro, cavo, escondo fundo. Acordo pra esquecer, de grão em grão merecer e encontrar uma certeza áspera a ser somente um alívio enquanto... Senti drenar, lavar tendências que eu não pude superar. Me cansei. Não vai me irrigar. Não vai me irrigar. Escassez risca a vista ao falhar. Tanta areia move, feito onda em grãos. Arrogância chove, escoa, cobre ao chão tocar, no plano contra bater, afundar. Chão tocar, no plano contra bater, afundar. Chão tocar, no plano contra bater, afundar. Chão tocar, no plano contra afundar. Sentir drenar, lavar tendências que eu não pude superar. Me cansei. Não vai me irrigar. Não vai me irrigar. Escassez risca a vista ao falhar.
7.
8.
Lupita 02:59
Lupita cai, remédios não adiantam mais, assim como varrer o chão, já faz tempo, já faz mas... Eu ainda não me acostumei, as expectativas são mais altas que a sua temperatura. Só me resta ver, erguer seu corpo suspenso em meus braços, a tremer. Tão fraco quanto você, seus pêlos já não caem sem eu entender. Mas faltou-me cativar, custou-se a encerrar o inadiável suspiro, contrário ao alívio que tentei dar. Vá descansar, Lupita. Vá descansar.

about

Recorded by Leo Sabba and Polvo Roxo Records. Mixed and mastered by Leo Sabba at Arranha-Céu Estúdio.
Artwork by Hiago Albuquerque.


Vistas - Florianópolis, Brasil
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credits

released December 14, 2017

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sharethisbreath (RIP) Brasilia, Brazil

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